Prorrogação da parceria foi publicada no Diário Oficial da União e próximos meses serão de busca de recursos para novas pesquisas sobre tecnologias aeroagrícolas
O Diário Oficial da União publicou no início do mês a renovação do contrato de cooperação técnica entre a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), para estudos sobre tecnologias de aplicação aérea de produtos químicos e biológicos. Com isso, a expectativa é realizar, até março de 2025, pesquisas para avaliação e aperfeiçoamento de equipamentos e técnicas de pulverização, além do desenvolvimento de novas tecnologias. O que abrange desde sensores de precisão até novos sistemas automatizados para as aplicações.
Conforme o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, os próximos meses de 2021 será para definição de projetos e busca de recursos para as pesquisas. Para daí se partir para o cronograma de campo. Além do Sindag e suas associadas, os trabalhos envolverão oito unidades da estatal de pesquisas: Embrapa Instrumentação (SP), Embrapa Soja (PR), Embrapa Cerrados (DF), Embrapa Clima Temperado (RS), Embrapa Meio Ambiente (SP), Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA), Embrapa Milho e Sorgo (MG) e Embrapa Algodão (PB). O foco da parceria é atender as principais lavouras estratégicas para o País.
Atualmente, a aviação agrícola brasileira já conta com tecnologias, por exemplo, para gerar o tamanho de gota ideal para cada tipo de produto em cada lavoura, além de sistemas que permitem aplicar quantidades variáveis de produtos em cada ponto da lavoura mesmo com a alta velocidade do avião. Isso além de sistemas que indicam com precisão de centímetros cada faixa de aplicação a ser percorrida pelo piloto, com o equipamento abrindo em fechando automaticamente o sistema de pulverização exatamente onde é para aplicar.
Além disso, o Brasil tem a segunda maior frota aeroagrícola do mundo, com cerca de 2,3 mil aeronaves. Atrás apenas dos Estados Unidos, que tem cerca de 3,6 mil aviões e helicópteros em lavouras. O Sindag deve terminar nas próximas semanas o levantamento do crescimento do setor em 2020, mas a expectativa é de que tenha tido um incremento de pelo menos 3%. Além da aplicação de produtos químicos ou biológicos nas lavouras, as aeronaves agrícolas também fazem a aplicação de fertilizantes e semeadura. Nos últimos anos, os aviões agrícolas também têm se tornado cada vez mais essenciais em operações de combate a incêndios em reservas naturais e áreas de lavouras em todo o país.
ESTUDOS ABRANGENTES
A cooperação técnica entre as duas entidades existe desde 2008, chamada de Redeagro e que começou a sair do papel cinco anos depois. Ente 2013 e 2017, a Embrapa e o Sindag realizaram a maior pesquisa até hoje feita no Brasil sobre tecnologias de aplicação, para atestar a segurança da aviação agrícola. O então projeto Desenvolvimento da Aplicação Aérea de Agrotóxicos como Estratégia de Controle de Pragas Agrícolas de Interesse Nacional abrangeu estudos em lavouras de soja, arroz e cana-de-açúcar no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do País. Os trabalhos envolveram, além do Sindag e associadas, seis centros de pesquisa da Embrapa e 10 universidades parceiras e empresas de tecnologias.
Além de alinhavar os estudos daqui para frente, o resultado foi uma Nota Técnica destacando a segurança da aviação agrícola no trato de lavouras, publicada em 2019. O documento também reforçou a necessidade de um debate livre de preconceitos para se estabelecer no País uma política de segurança alimentar e energética. A Nota também destacou os grandes avanços da tecnologia aeroagrícola desde os anos 90, lembrando que, desde os anos 60, trata-se da única ferramenta de aplicação com regulamentação específica, por isso mesmo a mais facilmente fiscalizável.