Asas agrícolas femininas

Asas agrícolas femininas
Piloto agrícola desde 2012, Joelize (dir) agora ajudou Lillian a seguir seus passos no curso em Carazinho. Foto: Castor Becker Júnior/C5NewsPress

Brasil tem apenas nove pilotos agrícolas mulheres, contra 1,9 mil profissionais masculinos e, em 2020, pela primeira vez uma aluna teve outra mulher como instrutora de voo em lavouras.

Segundo a Agência Nacional de Aviação Agrícola (Anac), o Brasil tem atualmente apenas nove mulheres pilotos agrícolas com licença válida, em um setor com 1954 profissionais masculinos. Isso apesar das mulheres terem marcado presença no setor aeroagrícola brasileiro desde 1948 (apenas um ano depois do primeiro voo agrícola no Brasil), com a pioneira Ada Rogato.

Entre o atual seleto grupo feminino nos cockpits agrícolas, duas profissionais protagonizaram, no final do ano passado, outro fato pioneiro: pela primeira vez no País, uma aluna do curso de piloto agrícola teve outra mulher como instrutora de voo agrícola. Foi no Aeroclube de Carazinho/RS, uma das seis escolas para esse tipo de atividade no País (são cinco para pilotos de avião e seis para pilotos de helicópteros para o trato agrícola).

Em setembro, Lillian Gabriella Rodrigues Leal e Santos, 28 anos completados durante o curso (que durou cerca de 45 dias), viajou de Cuiabá para a cidade gaúcha especialmente para ter aula com a profissional que já admirava há pelo menos cinco anos. No caso, Joelize Friedrichs, 31 anos, instrutora de voo, piloto agrícola desde 2012 e, desde o ano passado, também empresária aeroagrícola.

Natural de Peixoto de Azevedo, no extremo norte mato-grossense, Lilian largou o curso de Direito para seguir a vontade de ser piloto agrícola. Completou os cursos de piloto privado em seu Estado, em 2013. Formou-se piloto comercial no interior paulista e daí batalhou para completar as 370 horas de voo necessárias para entrar no Curso de Piloto Agrícola (Cavag). Conseguido o pré-requisito, juntou dinheiro para ir ao Rio Grande do Sul completar a formação. Local escolhido também pela boa fama da escola do Aeroclube de Carazinho, vizinho à Não-Me-Toque natal de Joelize e onde ela conheceu a aviação, formou-se piloto e instrutora.

HISTÓRIA E PANORAMA

A primeira piloto agrícola brasileira foi a paulista Ada Rogato. Em 1948 (um ano após o primeiro voo agrícola no Brasil) ela já voava no trato de lavouras de café em São Paulo. Uma das mais intrépidas personagens do País, ela foi a primeira (entre homens e mulheres) que atravessou a Selva Amazônia em um pequeno avião, sem rádio e só com uma bússola. Tornou-se também a primeira mulher a pilotar sozinha até a Terra do Fogo e a primeira brasileira a atravessar a Cordilheira dos Andes pilotando (o que repetiu mais 10 vezes). Ada faleceu em 1986, aos 76 anos.

Já a primeira piloto agrícola do mundo, a uruguaia Mirta Vanni Barbot, teve sua primeira operação aeroagrícola em 1947, combatendo gafanhotos em seu país. Ela também coordenou e estruturou o serviço aeroagrícola do Uruguai. Ela tem 96 anos de idade e vive em Montevidéu.

A profissão de piloto agrícola é uma das mais intensas e exigidas da aviação Brasileira, com os pilotos voando entre três a quatro metros do chão sobre plantações e realizando até cerca de 50 pousos e decolagens por dia. Além de fazerem também semeadura, aplicação de fertilizantes e até o combate a incêndios florestais.

O Brasil tem a segunda maior e uma das melhores forças aéreas agrícolas do mundo. São cerca de 2,3 mil aviões. Nesse setor, o País está atrás apenas dos Estados Unidos, que tem cerca de 3,6 mil aeronaves atuando em lavouras. E à frente de potências como Argentina, México, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.

Comentários

Nenhum comentário ainda. Você não quer iniciar estar discussão?

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.